Encavo/Relevo: experiências e experimentações
11 de outubro a 9 de novembro de 2019 no MUnA
Folder distribuído na exposição
O encavo e o relevo são os dois processos mais antigos para a produção de gravuras. Em ambos os casos, a gravura é produzida a partir de matrizes sulcadas. O que diferencia os dois processos é a forma como a impressão é feita a partir destes sulcos. No caso da gravura em metal, ou encavo, a tinta de impressão é depositada dentro dos sulcos para, posteriormente, ser transferida por pressão para o papel; já no caso da xilogravura, ou técnica em relevo, a tinta de impressão é depositada sobre a superfície da matriz e a parte cavada não será impressa, deixando aparente o branco do papel.
Pelos requisitos do meio, a gravura se diferencia de muitos procedimentos artísticos, pois as práticas de produção guardam um meio termo entre ética fabril e reflexão de atelier. A execução setorizada das partes componentes da matriz e o serialismo das estampas evidenciam esta situação de território industrial. A participação do atelier, por outro lado, atribui a marca da autoria, do fazer refinado, da poética que chancela as imagens enquanto arte.
Nesta mostra, originada no âmbito do atelier da EBA-UFMG, é possível verificar como as práticas de ensino e aprendizagem se mesclam por meio desta dinâmica da produção proporcionada pelo fazer gráfico. Por este panorama de um conjunto de imagens, associadas à produção dos artistas-professores, afloram procedimentos de execução de matriz e impressão, bem como, soluções de imagem que revelam esta proximidade entre fazer operário e pensar artístico.
Assim, mostra Encavo e Relevo: experiências e experimentações, apresenta as experiências dos artistas-professores Eliana Ambrosio e George Gutlich, tanto como artistas, como docentes do Ateliê de Gravura da UFMG. A mostra abre tanto às experimentações dos jovens artistas do ateliê, quanto às pesquisas de seus mestres. Assim, as obras do ateliê de Xilogravura e Gravura em Metal da Escola de Belas Artes da UFMG apresentam tanto as discussões dos desdobramentos contemporâneos da gravura, quanto os aspectos tradicionais de sua práxis.
Para além das questões técnicas, o ateliê de Xilogravura e Gravura em Metal da UFMG lida com poéticas diversas. A proximidade do fazer coletivo no ateliê faz com que algumas temáticas e soluções estéticas tornem-se recorrentes. Para alguns é uma breve interrupção na sequência de seu processo anterior, para outros um momento de redirecionamento ou ainda, de mera continuidade. Uma produção influencia a outra e nesse instante de confluência, surgem possibilidades que poderão ou não serem continuadas nos projetos específicos de cada aluno. Na presente mostra, apresentamos um recorte dos caminhos trilhados por estes jovens artistas, que ora se encontram e ora divergem.
Afinal, o atelier de gravura é um lugar do labor e das trocas. Antes de se formalizar enquanto espaço de ensino e aprendizagem, o ambiente da gráfica conduz às práticas de pesquisa e de cooperação inerentes à esta arte. Esta condição difere o ensino de gravura dentre outras disciplinas nas práticas tradicionais das Belas Artes.
Uma vez que a permanência dos alunos nas instalações do atelier extrapola em muito os horários das aulas, o compartilhamento horizontal de saberes se encontra tacitamente instituído, configurando um sistema não linear de aprendizagem. Nesta dinâmica troca de conhecimentos e de interface entre as áreas, os mestres também se permitem redescobrir o ofício a cada novo desafio.
O convívio entre os meios de gravação num mesmo espaço físico proporciona um diálogo que extrapola os limites dos planos de ensino e conduzem à semente de toda escola gráfica: o laboratório de experimentação.
Sob a premissa da investigação em comum, pensou-se a seleção de obras apresentada neste panorama. Por esta mostra, pode-se verificar um testemunho do trabalho que partiu de um objetivo pedagógico, mas que apenas se delineou graças ao comum acordo entre pensamento e procedimentos e pela indisciplina na hierarquia.
Eliana Ambrosio e George Gutlich
Curadores
Detalhes da exposição
Obras dos alunos dos Ateliês da UFMG
Abertura
Ana Vieira
André Pimenta
Wilton Duarte
Ana Vieira