Entre espaço
De 09 de agosto a 06 de outubro de 2019 - Centro Cultural da UFMG
PARTICIPANTES:
Luiza Poeiras
Marina Moreira
Perdeu-se na noite dos tempos a memória da primeira mão que ordenou o espaço pelo desenho. Intuímos que esta ação foi conduzida pelo incomodo frente a um caos aparente.
Da ação demiúrgica que inaugurou também uma atitude estética, afluiu miríades de possibilidades: ornamentos, arquitetura, regulação da natureza.... As filhas desta vontade passaram a compor também mensagens, falas da geometria.
Aqui se apresentam, retirados desta ampla paisagem, dois discursos originados nas linhas retas e na ortogonalidade.... Ambos se referem à síntese e a projeção de volumes positivos e negativos, por onde Luiza Poeiras expande linhas e planos, enquanto Marina Moreira aponta para a concisão dos cubos.
As linhas de Luiza remetem à qualidade daquelas feitas pela primeira mão: sulcos gravados com um graveto sobre a terra.... Por esta emulação de um gesto ancestral, algo de profundamente humano também aflora, o irregular e o inconcluso.
Destes impressos emana uma sucessão de ambientes construídos, caminhos, paredes...projetados em direção aos limites do suporte, compondo um cenário diáfano que envolve o observador.
Marina Moreira, em contrapartida, oferece a visão do cubo pelo exterior e faz com este seja o resumo de tudo que merece ser admirado... pedra negra em cantaria, ponto focal.
Elemento mínimo de um mundo tridimensional ordenado, o cubo de Marina encerra semente e completude. Como objeto de reverência, este sólido decomposto por subtrações diz que estamos do lado de fora e que aquilo que importa se encontra resumido ali, em sua positividade volumétrica.
A dualidade espacial, aqui explorada por poéticas que se afinam, evidencia que um semelhante ponto de partida pode resultar em modos distintos de apresentação e, com isto, duas mensagens são conferidas à geometria gravada.
George Rembrandt Gütlich.
Belo Horizonte, agosto de 2019
Luiza Poeiras
Abertura