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Um caminho pelas sombras

Do desenho à gravura

 De 11 de outubro a 08 de dezembro de 2018 - Centro Cultural da UFMG

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PARTICIPANTES: 

Daniel Pizani

Felipe Florêncio

Júlia Melo

Manassés Muniz

Nos meandros das técnicas a gravura em metal afirma-se, de pronta, como uma arte das sombras. Valor este que pode ser atribuído pelo negrume das ações; pela entrega que requer intensidade ímpar, do fazer à impressão, do ocultar e revelar imagens entre véus de ácidos e tinta.  Neste ambiente de floresta densa, as penumbras são cortadas por feixes de luz que se manifestam lentamente...um meio onde desponta também, mais sutil, uma arte das luzes ocultas nas sombras.

As figuras que brotam deste meio não são fáceis, requisitam olhar ativo, olhar de quem adentra mata fechada. A apreensão imediata e festiva não encontra lugar aqui...estamos longe da rapidez e da superficialidade. Para aquele que perscruta o ambiente como se o tateasse com os olhos, surgem relevos de diversas naturezas e valores tonais múltiplos; linhas e pontos que ganham volume, potência e se sobrepõem, como se numa espacialidade apenas inerente a este meio. Massas podem ser conquistas de adições ou de cortes e raspagens, ações de pintor e escultor. Manchas de gestos largos, mantos translúcidos, percorrem paisagens de linhas em veladura incorpórea.

 O encontro do olhar tátil e superfície impressa revela também a gênese do labor do artífice e seu imaginário moldado pela forja do ofício. Neste ambiente é que justamente se engendraram as obras que aqui se apresentam, por onde a gravura e o pensamento advindo da atitude cônscia, propõem uma leitura arguta da dualidade grotesco e sublime.

Apesar de aparentemente opostos, ambos se encontram na mesma seara dos afetos.  Tratado usualmente como antagônico ao sublime, o grotesco se origina no mesmo princípio daquele: o  território do desassossego e da umbrosidade...e não da recorrência esperada e da luz rasgada que tudo desvela. Grotesco, entendido como sobreposições sem relação com a verossimilhança encontra no sublime a sua justa parte, sendo este o campo das surpresas...

 Sobre esta região de tangência, esta dubiedade, tratam as gravuras e objetos aqui apresentados. Seus autores buscaram atender às vontades da matéria e da técnica...foram sensíveis ao ponto de operar em acordo mente, mão e matéria e, com isto, permitiram aflorar um mundo de luzes nas sombras, num gesto mais de compartilhamento que de exposição.

Aqui, o pensar emanou de um fazer.

George Rembrandt Gütlich

outubro de 2019.

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